sábado, 6 de junho de 2020

A LENDA DA RASGA-MORTALHA 🦉


"Há muitos anos atrás, existia uma moça de trinta e cinco anos de idade, obesa e de pele muito branca chamada Suindara. Ela era uma das carpideiras, mulheres com mais de trinta anos que eram pagas para chorarem em velórios e cemitérios. Além de seguir esta profissão, Suindara era filha de Eliel, um feiticeiro perigoso que sempre se vingava de quem fazia mal para a sua família.
Esta mulher era muito inteligente e culta, por isto recebeu o apelido de coruja branca na aldeia onde morava.
O problema é que Suindara começou a namorar escondido Ricardo, filho de Ruth, uma condessa preconceituosa que nunca permitiria que o rapaz se envolvesse com uma carpideira, ainda por cima filha de um curandeiro.
Um certo dia, Ruth descobriu o romance de Ricardo com a filha do feiticeiro e bolou um plano diabólico.
Depois que Suindara chorou no enterro de uma pessoa. Margarida, a empregada da condessa, passou um bilhete para a carpideira dizendo que contrataria os seus serviços e para isto seria necessário que as duas se encontrarem atrás de uma cripta azul, que ficava no local mais afastado e escuro do cemitério.
Quando Suindara chegou no local combinado, foi assassinada por um empregado de Ruth.
Toda a população se comoveu com a morte desta moça. Por isto a carpideira foi enterrada num mausoléu luxuoso e no meio da sua tumba foi esculpida uma enorme coruja branca em sua homenagem.
Eliel, através das cartas de tarô, descobriu que a verdadeira assassina de sua filha era a condessa da aldeia. Assim ele jurou vingança, foi até onde Suindara estava enterrada e executou um ritual poderoso. Então o espírito da moça penetrou para dentro da enorme estátua de coruja branca que criou vida.
Naquela mesma noite, a coruja foi até a sacada da janela do castelo onde dormia Ruth e começou a piar um canto estranho: como se alguém estivesse rasgando alguma roupa de seda. Assim toda a aldeia ficou assustada com aquele som que vinha de uma das janelas do castelo.
No dia seguinte, descobriram que a condessa estava morta e que todas as suas roupas de seda estavam rasgadas dentro do armário.
A partir da estranha morte de Ruth, um fato estranho passou a acontecer naquela aldeia: sempre quando alguém estava prestes a falecer, uma coruja branca pousava em frente a janela da vítima e piava aquele mesmo som estranho para avisar que a pessoa iria falecer brevemente.
Por causa destas histórias, este animal recebeu o apelido de Rasga — Mortalha.
Diz a lenda que se uma coruja Rasga — Mortalha pousar no telhado  ou na sacada da sua casa e piar um som semelhante ao de um rasgo de seda é sinal de alguém na sua residência falecerá muito logo.
Por curiosidade alguns especialistas em Lingüística afirmam que Suindara significa coruja branca da morte em um certo dialeto africano."

(Crédito Iyalorisá Alba Valéria)

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