quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Do livro - A Sagrada Loucura dos Casais, Paule Salomon, Ed. Cultrix.

“O outro é para mim sempre inatingível, seja qual for a intensidade do amor que me anima. O outro me escapa, ele não está jamais onde eu achava que poderia encontrá-lo. Mas, ao mesmo tempo, eu tenho essa maravilhosa capacidade humana de poder me projetar, de me identificar com ele, de sentir o que ele sente ou de imaginar sentir o que ele sente. Eu sou o criador das sensações que recebo dele, e é essa a minha maneira de conhecê-lo, de descrevê-lo, de representá-lo para mim mesmo. A todo instante estou identificado com o meu corpo; tenho consciência do meu eu e posso também me identificar com uma paisagem, uma pedra, com um animal e, sobretudo, com outro ser humano. Eu sinto você, eu adivinho você, eu sou você. A loucura do amor é a vontade de se tornar o outro e tornar-se o outro para se esquecer de si mesmo. A sabedoria do amor está em saber entrar e sair. Eu me torno você, mas volto para mim. Eu adquiro como que uma leveza do ser para me desmultiplicar e, paradoxalmente, é assim que eu me aproximo mais do sentimento de unidade, que é o meu horizonte e a minha nostalgia.”

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